terça-feira, 14 de abril de 2020

Beijar-te






















Como anseio um beijo teu
Quero mais que os beijos
Quero mais que a cama
Mais que o abraço
Mais que o corpo e o cheiro
Quero tudo até que não falte nada
Assim como quero o nada para gerar o tudo
Você torna tudo tão grande
De formas tão intensas que me tomam as palavras
Me tomam, suspiros, sono e sonhos
Eu quero mais
Mais da vida, mais de mim
De você...
Encontrar você me deu essa visão da vida
De querer mais
De poder mais
De merecer mais e te dar parte disso
De querer você tornando tudo tão belo
Nesse pequeno espaço do meu coração
Queria roçar meus lábios nos teus
Aquecer minha língua na sua
Acariciar seus dentes
Beber a tua respiração em minhas narinas
Mas temo tanto
Aquele medo infantil que se digladia com um desejo que de infantil nada tem
Tenho medo de a abraçar e me excitar
A beijar e gozar
Entregando o particular semblante de prazer
Tenho medo de morrer
Cair a sua frente,infartar,quebrar de emoção
Tenho medo de te beijar e ter de partir
Esconder a alegria intensa que me traria tal sabor
Tenho medo de minha ação e sua reação
As minhas manhãs de ressaca
Quando as mesmas encerram as coloridas noites em que te vejo
Sempre se iniciam com a vontade e a pergunta:
Porque não a beijei?
Porque não a tomei em meus braços me desfazendo nos seus?
O que deve pensar de mim?
O que deve esperar de mim?
Esperas algo de mim?
Cederias a um desejo meu?
Repudiara um avanço meu?
O que sentira?
Raiva?
Desprezo?
Piedade?
Medo?
Se protegeria na amizade?
Se protegeria em seu amor ao seu espaço?
Se afastaria?
Me evitaria vida afora?
Eu estragaria tudo?
Ou injetaria beleza em nossas vidas?
Dúvidas, duvidas e mais dúvidas
Por isso não a beijo
Penso demais
Duvido demais
E nem assim te quero menos


C.MEDEIROS

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Sob o olhar de Quintana



Sob o calor forte de dezembro
a matar a sede e a curiosidade
Sentamo-nos à sombra
de sua cálida hospitalidade

Sob o olhar do poeta Quintana
a aprovar o brinde da poesia
Conversamos à mundana
assuntos de fraterna harmonia

Sob o fulgor de mútua admiração
a saciar nossas personalidades
Festejamo-nos a condição 
de termos vizinhas nossas cidades

Sob o pulsar da cultura
a adentrar nossa sintonia
Conquistamos a altura
de sermos parceiros da fantasia

Anorkinda Neide
(sobre o encontro com Rui E L Tavares na Casa de Cultura Mario Quintana)

terça-feira, 31 de março de 2020

Um poema de Eduardo Pinto















Nossas mentes, tateiam na escuridão
Fundem-se e aprofundam-se no escuro
Nossos corpos, deleitam-se na podridão
Nadam e envolvem-se na lama de um podre futuro
Eras passadas éramos nus a luz do dia
Crentes a brilhante luz do rei
Tementes ao breu
Nos eterneciamos quando, por trás das colinas
A lua se despia, e nossos sentimentos
Platonizavam a paz, que jamais nasceu
Que os céus, amaldiçoam
A vergonha do bastardo que desafiou
E profanou de toda virtuosidade
De um solo que, por todos os solos seja regado
Nos Seja legado seu próprio castigo
Por nossa infidelidade
Que o éter, propague mil ecos de um só grito
Que os astros, permaneçam testemunhos eternos
Que o homem foi, um sonho de paz
E um real conflito
Que projetou paraísos
Mas, construiu infernos.


Eduardo Pinto 
Imagem: Google