Para
atirar uma pedra de imediato
É preciso tê-la sempre à mão
E quanto maior, maior estrago
Será que compensa o trabalho?
Vale a pena
andar sempre armado
Para atirar em não sabe quem e quando?
Um tiro no
futuro
Quem sabe vai matá-lo
E o futuro longínquo
Pode ser o próximo instante
Andar
armado vale o peso da arma ?
Qual a paga para o espírito armado?
A própria vida e a de quantos mais?
O constante medo da morte é a morte
O que pode
alguém esperar da vida
Negando-a a todo momento?
O que se pode ver quando não quer?
Nem sol claro e nem céu azul
Pássaro voando
Campos floridos e o mundo cantando
Céu
vermelho e chuva de sangue
Cheiro de pólvora
Surdo e cego e surdo e cego
Escuro por dentro e por fora
Chorando alto o próprio choro esconde
O pranto que trouxe aos outros
O peso da
arma no primeiro momento
É pouco e na hora seguinte pesa muito
No fim do dia insuportável
E alguns dias passados nem sente mais
Pouco tempo depois só a arma existe
A pessoa não
Joel
Cavalcante
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